quarta-feira, 1 de outubro de 2014

DEBATE DE ARAQUE








Exceto a elegante condução do apresentador, o debate de ontem exibido pela TV Anhanguera, com a participação dos cinco candidatos ao Governo do Estado de Goiás foi um fiasco.

Marconi Perillo: O único que estava impecavelmente vestido para a ocasião: a gravata branca em xadrez discreto, na cor grafite, completou a elegancia do paletó da mesma cor e camisa branca. Parabens pelo bom gosto.

Entretanto, durante o transcorrer do debate, o candidato direcionou o olhar de forma bastante esquiva e utilizou a fala aliada a muita gesticulação.

Embora com um português bem empregado, escorregou feio, quando soltou essa perola: “dobrar o efetivo ‘das policias’ aqui em Goiás”. O correto seria: dobrar o efetivo da policia em Goiás. Usou algumas expressões rebuscadas, como “Inexequível”, o que confunde o eleitor mais simples.

Mentiu, quando perguntou ao candidato Iris Rezende sobre a demissão de 50.000 funcionarios em 1983. Infelizmente as demissões aconteceram, mas foram 26.000 e não 50.000. Como sempre o Governador diminui ou aumenta, de acordo com seus interesses.

Ficou nervoso e visivelmente descontrolado, com a sabatina sofrida pelo candidato Wesley. Quem diria! No inicio, o candidato em questão ficou lá no cantinho, desprezado, ninguém sequer dirigia a palavra a ele. No segundo bloco, quando por força da programação, as perguntas deveriam ser feitas a cada candidato, o Professor Wesley decolou, a ponto de desconcertar o Governador Marconi. Esse foi o único momento do debate, que valeu a pena! Não bastasse o candidato Wesley, Marconi sofreu uma verdadeira avalanche de ataques por parte dos outros oponentes, demonstrando fragilidade.


Iris Rezende: A gravata de um vermelho carmim (nada discreto para o momento e a idade do candidato) brigou com o costume.  Se tivesse optado por gravata azul turquesa, arrasaria (isso se os punhos da camisa não estivessem uns quatro centímetros a mais no comprimento). A gesticulação excessiva e o canto da boca espumando (marca registrada do candidato), se incumbiram de completar a postura.

Português errado, com palavras (que lhe são peculiares), como: “fazendo ‘cum’ que a ‘suciedade’ volte a ‘acriditar’ no governo”, ou: “proporcionando ‘criscimento’”; “por ‘inxempro’” e a pérola: “na ESCADA da criminalidade”?????. Não seria ESCALA???

Não bastasse isso, o candidato mentiu muito, principalmente quando se referiu ao seu primeiro mandato como Governador (1983). Eu estava lá e fui uma das mais de vinte mil pessoas absorvidas ou demitidas do Estado. Primeira mentira: o candidato afirmou que a folha de pagamento dos funcionários estava com atraso de seis meses, quando estava rigorosamente em dia. Segunda mentira: as demissões e absorções não foram somente das pessoas admitidas no período proibido pela Lei Eleitoral. Eu mesma já trabalhava no Estado havia mais de dois anos. Foi sim, um gesto irresponsável e sem nenhum critério (entraram no pacote, deficientes, grávidas etc). E quando essas pessoas foram para frente do palácio protestar, a sua resposta para a imprensa, foi essa: “isso é só uma meia dúzia de gatos pingados, não me preocupa”. Lembro-me que algumas pessoas desesperadas se mataram. Foi um verdadeiro terrorismo. Detalhe: na semana seguinte, o então Governador autorizou a contratação da mesma quantidade de correligionários que preencheram imediatamente as vagas arrancadas dos outros. E o candidato ainda teve a desfaçatez de comentar no debate de ontem, que foi preciso “enxugar” a maquina publica. Sem mais comentários!

Vanderlan – Sem terno (erradíssimo para a ocasião). Pessima dicção e direcionamento de olhar, próprio de quem mente, quase todo o tempo olhando em soslaio.

Quanto ao português, “arrebentou” – nos erros.  Usou muito o “É, É, É”, entre as frases, ou seja: utilizando muletas da língua, enquanto pensa no que falar a seguir. Algumas perolas: ”quando eu deixei o PT, ‘eu fui e apoiei’ o Governador Alcides”;  “o que não dá ‘de’ entender”;  e a terrível cacofonia, ao se referir ao agronegócio: no lugar de falar commodities (termo inglês utilizado nas transações comerciais), o candidato pronunciou COMODES (modes???).  Para encerrar o show de erros grosseiros, acreditem se quiser, o candidato tascou essa: “para o milho ser transformado em margarina e frango”.  Nesse caso o frango, nem precisaria se dar ao trabalho de procurar comida. Bastaria se devorar, né?

Gomide: uma verdadeira figura alegórica, o blazer de quatro botões e ainda abotoado errado. O modelo é muito tradicional e, alem de jovem (o que não é o caso da figura), abotoa-se o botão do meio e não os quatro, como foram apresentados. E mesmo valendo para esse traje, brincar combinações mais descontraídas, a gravata vermelha pecou, por conta da idade do candidato. Talvez uma gravata verde oliva, ficasse menos errado. Será que o candidato quis dar uma de Príncipe Charles? Só que ele é da Inglaterra, né?

Muito cacoete na gesticulação anos setenta, sempre tocando as pontas dos dedos de uma mão com a outra, em posição papal, como se fosse uma entidade querendo se aproximar de um médium.

Pouco erro de português, pena que muito pouco convincente.

Professor Wesley – O mais mal vestido dos cinco. Sem terno, traje adequado para a ocasião, usava uma camisa social branca, que mais parecia ter sido compra às pressas, pois o numero estava no mínimo, uns quatro a mais do manequim do candidato. Lembrou muito o traje de quem está à beira de um lago, aguardando o “batismo nas águas”, ou um espantalho em roça de milho.

Embora tenha usado muito clichê, a exemplo de “haja vista” e outros, soube direcionar o olhar e dominou a palavra, com ares de quem estava absolutamente seguro. Lançou desafios apimentados, desconcertou todos os candidatos e fez propostas consistentes.

Mesmo com a indumentária errada e o emprego excessivo de clichês, Já estava me decidindo que votaria nesse candidato, quando ele cometeu um deslize imperdoável: citou a belíssima frase: “a educação liberta o homem e transforma a sociedade”. Belíssima, mas de autoria do educador Paulo Freire. Seria perfeito se o candidato desse o crédito ao maior educador de todos os tempos, mas desastrosamente plagiou o autor, passando a ideia de que a frase seria de sua autoria, o que me levou a concluir que nesse “vale tudo”, estava diante de mais um alpinista do poder!  Que pena!






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