Exceto a elegante condução do
apresentador, o debate de ontem exibido pela TV Anhanguera, com a participação
dos cinco candidatos ao Governo do Estado de Goiás foi um fiasco.
Marconi Perillo: O único que estava impecavelmente vestido para a
ocasião: a gravata branca em xadrez discreto, na cor grafite, completou a
elegancia do paletó da mesma cor e camisa branca. Parabens pelo bom gosto.
Entretanto, durante o transcorrer
do debate, o candidato direcionou o olhar de forma bastante esquiva e utilizou
a fala aliada a muita gesticulação.
Embora com um português bem
empregado, escorregou feio, quando soltou essa perola: “dobrar o efetivo ‘das
policias’ aqui em Goiás”. O correto seria: dobrar o efetivo da policia em
Goiás. Usou algumas expressões rebuscadas, como “InexequÃvel”, o que confunde o
eleitor mais simples.
Mentiu, quando perguntou ao
candidato Iris Rezende sobre a demissão de 50.000 funcionarios em 1983.
Infelizmente as demissões aconteceram, mas foram 26.000 e não 50.000. Como
sempre o Governador diminui ou aumenta, de acordo com seus interesses.
Ficou nervoso e visivelmente descontrolado, com a sabatina sofrida pelo candidato Wesley. Quem diria! No inicio, o candidato em questão ficou lá no cantinho, desprezado, ninguém sequer dirigia a palavra a ele. No segundo bloco, quando por força da programação, as perguntas deveriam ser feitas a cada candidato, o Professor Wesley decolou, a ponto de desconcertar o Governador Marconi. Esse foi o único momento do debate, que valeu a pena! Não bastasse o candidato Wesley, Marconi sofreu uma verdadeira avalanche de ataques por parte dos outros oponentes, demonstrando fragilidade.
Iris Rezende: A gravata de um vermelho carmim (nada discreto para o
momento e a idade do candidato) brigou com o costume. Se tivesse optado por gravata azul turquesa,
arrasaria (isso se os punhos da camisa não estivessem uns quatro centÃmetros a
mais no comprimento). A gesticulação excessiva e o canto da boca espumando
(marca registrada do candidato), se incumbiram de completar a postura.
Português errado, com palavras
(que lhe são peculiares), como: “fazendo ‘cum’ que a ‘suciedade’ volte a
‘acriditar’ no governo”, ou: “proporcionando ‘criscimento’”; “por ‘inxempro’” e
a pérola: “na ESCADA da criminalidade”?????. Não seria ESCALA???
Não bastasse isso, o candidato
mentiu muito, principalmente quando se referiu ao seu primeiro mandato como
Governador (1983). Eu estava lá e fui uma das mais de vinte mil pessoas
absorvidas ou demitidas do Estado. Primeira mentira: o candidato afirmou que a
folha de pagamento dos funcionários estava com atraso de seis meses, quando estava
rigorosamente em dia. Segunda mentira: as demissões e absorções não foram
somente das pessoas admitidas no perÃodo proibido pela Lei Eleitoral. Eu mesma
já trabalhava no Estado havia mais de dois anos. Foi sim, um gesto
irresponsável e sem nenhum critério (entraram no pacote, deficientes, grávidas
etc). E quando essas pessoas foram para frente do palácio protestar, a sua
resposta para a imprensa, foi essa: “isso é só uma meia dúzia de gatos
pingados, não me preocupa”. Lembro-me que algumas pessoas desesperadas se
mataram. Foi um verdadeiro terrorismo. Detalhe: na semana seguinte, o então Governador
autorizou a contratação da mesma quantidade de correligionários que preencheram
imediatamente as vagas arrancadas dos outros. E o candidato ainda teve a
desfaçatez de comentar no debate de ontem, que foi preciso “enxugar” a maquina
publica. Sem mais comentários!
Vanderlan – Sem terno (erradÃssimo para a ocasião). Pessima dicção e
direcionamento de olhar, próprio de quem mente, quase todo o tempo
olhando em soslaio.
Quanto ao português, “arrebentou”
– nos erros. Usou muito o “É, É, É”, entre
as frases, ou seja: utilizando muletas da lÃngua, enquanto pensa no que falar a
seguir. Algumas perolas: ”quando eu deixei o PT, ‘eu fui e apoiei’ o Governador
Alcides”; “o que não dá ‘de’
entender”; e a terrÃvel cacofonia, ao se
referir ao agronegócio: no lugar de falar
commodities (termo inglês utilizado nas transações comerciais), o candidato
pronunciou COMODES (modes???). Para
encerrar o show de erros grosseiros, acreditem se quiser, o candidato tascou
essa: “para o milho ser transformado em margarina e frango”. Nesse caso o frango, nem precisaria se dar ao
trabalho de procurar comida. Bastaria se devorar, né?
Gomide: uma verdadeira figura alegórica, o blazer de quatro botões
e ainda abotoado errado. O modelo é muito tradicional e, alem de jovem (o que
não é o caso da figura), abotoa-se o botão do meio e não os quatro, como foram
apresentados. E mesmo valendo para esse traje, brincar combinações mais
descontraÃdas, a gravata vermelha pecou, por conta da idade do candidato.
Talvez uma gravata verde oliva, ficasse menos errado. Será que o candidato quis
dar uma de PrÃncipe Charles? Só que ele é da Inglaterra, né?
Muito cacoete na gesticulação
anos setenta, sempre tocando as pontas dos dedos de uma mão com a outra, em
posição papal, como se fosse uma entidade querendo se aproximar de um médium.
Pouco erro de português, pena que
muito pouco convincente.
Professor Wesley – O mais mal vestido dos cinco. Sem terno, traje
adequado para a ocasião, usava uma camisa social branca, que mais parecia ter
sido compra à s pressas, pois o numero estava no mÃnimo, uns quatro a mais do
manequim do candidato. Lembrou muito o traje de quem está à beira de um lago, aguardando
o “batismo nas águas”, ou um espantalho em roça de milho.
Embora tenha usado muito clichê, a
exemplo de “haja vista” e outros, soube direcionar o olhar e dominou a palavra,
com ares de quem estava absolutamente seguro. Lançou desafios apimentados,
desconcertou todos os candidatos e fez propostas consistentes.
Mesmo com a indumentária errada e
o emprego excessivo de clichês, Já estava me decidindo que votaria nesse
candidato, quando ele cometeu um deslize imperdoável: citou a belÃssima frase:
“a educação liberta o homem e transforma a sociedade”. BelÃssima, mas de
autoria do educador Paulo Freire. Seria perfeito se o candidato desse o crédito
ao maior educador de todos os tempos, mas desastrosamente plagiou o autor,
passando a ideia de que a frase seria de sua autoria, o que me levou a concluir
que nesse “vale tudo”, estava diante de mais um alpinista do poder! Que pena!
Perfeitas observaçoes.
ResponderExcluirParabens pelo blog